A natureza do próprio Deus já nos fala
muito a respeito disso. Sua identidade demonstra comunhão entre as pessoas da
trindade. E ao criar o homem Deus fez isso por meio do seu poder e da perfeita harmonia
entre Pai, Filho e Espírito Santo. E depois de ter criado o homem, mesmo ainda
não tendo pecado, Deus não o deixou viver isolado.
É impossível transmitir graça, perdoar,
exercitar os dons dados por Deus vivendo sozinho. Por isso, podemos ter certeza
que o plano de Deus é que seu povo viva em comunhão. O isolamento mais drástico
que o homem um dia viveu foi da comunhão com Deus. E mesmo assim, Deus
providenciou a aproximação, isto é, a reconciliação, por meio de Jesus Cristo.
Mas o isolamento também pode ser experimentado
de outras maneiras muito difíceis. E é sobre isso que gostaria de comentar nos
próximos parágrafos.
Isolamento social
Não é sobre a experiência que o mundo
está vivendo atualmente que me refiro. Embora seja muito difícil e você possa
sentir neste exato momento os impactos emocionais, físicos e econômicos, o “isolamento
social” que estamos vivendo é uma medida que foi tomada por um bem maior: a
preservação da vida.
Há muitos cristãos que foram forçados a
deixar suas famílias sem oportunidade de despedida e estão isolados por causa
da sua fé em Cristo. São pessoas que cumprem penas em locais desumanos, sofrem maus-tratos
e agressões por amarem mais a Cristo do que suas próprias vidas.
Este não é um isolamento opcional. Tampouco
é uma “quarentena” que dura quinze dias, um, dois ou três meses. Na maioria dos
casos isso leva anos da vida destes irmãos. Se você já não sabe o que fazer em
meio ao “isolamento” ou “distanciamento” que vivemos no Brasil. Pergunte-se: o
que fazer na situação destes irmãos?
Muitos deles encontram nestas
circunstâncias de fragilidade a força em Deus. Enquanto não há nenhuma opção em
meio a uma prisão de poucos metros, Deus continua sendo a força destes irmãos. E
o meditar na palavra ou em alguns versículos memorizados, o cantar algumas
canções guardadas no coração é o que ajuda a manter a fé fortalecida.
Isolamento em meio às multidões
Embora pareça paradoxal, é muito comum e
real: Viver isolado em meio a milhares de pessoas. Essa é a experiência de
muitos cristãos especialmente em países muçulmanos, pois nestes casos aqueles
que se convertem a Cristo precisam, na maioria das vezes, viver sua fé em
segredo. Se são descobertos como cristãos, correm risco de serem presos, torturados,
expulsos de casa pela família e até mesmo mortos.
Nesse contexto muitos cristãos não
conseguem ou não podem ter comunhão com outros cristãos, pois essa é uma
atividade extremamente difícil e perigosa. Isso significa não poder desfrutar
do relacionamento com outros que possuem a mesma fé, não poder cultuar, cantar
e orar juntos. É um isolamento no âmbito “espiritual”, ou da “fé”.
Tenho visto muitos comentários de
pessoas que anseiam por voltar à comunhão do culto público presencial e poder
desfrutar destes momentos com sua igreja local. E temos a certeza de que em um
pouco mais de tempo poderemos fazer isso. Mas esta não é uma certeza quando se
trata de cristãos secretos em países muçulmanos e principalmente em países como
a Coreia do Norte, onde muitos cristãos nunca tiveram oportunidade de conhecer
outro cristão na vida, tampouco cultuar, cantar ou orar junto.
Isolamento em locais remotos
Lidar com o isolamento não é uma tarefa
nada fácil. Porém, viver o isolamento em locais longínquos é um desafio ainda
maior. Não se trata simplesmente de estar longe, mas de ser, em muitos casos,
esquecidos pelo “resto do mundo”. Muitos cristãos hoje vivem em locais remotos
como montanhas, vilarejos e povoados. Embora essa não seja uma realidade apenas
para cristãos, isso é um agravante quando eles são perseguidos por causa da sua
fé, pois não tem a quem recorrer e continuam viver restrições, violências,
abusos, maus tratos sem que o mundo os perceba.
Ao mesmo tempo em que podemos nos fazer
percebidos por meio das redes sociais enquanto tomamos um drinque, fazemos exercícios,
dançamos ou simplesmente expomos nossas ideias como faço agora nesse texto, o
isolamento em locais remotos não permite que “suas realidades” sejam compartilhadas
porque o mundo não as conhece.
E então, o que podemos fazer diante de
tudo isso? Podemos usar o nosso tempo de “isolamento” para conhecer e orar
pelos cristãos que vivem em situações como estas, em contextos bem piores.
É importante lembrar que somos um só
corpo e isso não impõe barreiras geográficas. É verdade que esses cristãos
enfrentam o isolamento das formas mais difíceis, mas eles não precisam lidar
com isso sozinhos, pois as nossas orações podem chegar até eles.
Eles podem estar isolados, mas não abandonados.
Nós estaremos lá! Essa é uma responsabilidade daqueles que podem chamar Deus de
Pai.
Que Deus abençoe!
Willy Menezes
Ps.: Quero lhe encorajar a também observar e cuidar daqueles que estão geograficamente perto e que podem enfrentar o isolamento de uma maneira também muito difícil. Este é tema para um provável futuro texto.