quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Selfie, identidade e desejos. Uma breve reflexão sobre eu e você!

É triste notarmos que muitas intenções nossas são, na verdade, para promover aquilo que não é, a fim de saciar o que os outros desejam e aplaudem. Nos esforçamos para apresentar aos demais aquilo que eles mais desejam. Não somente isso, queremos também saciar a nossa necessidade de sermos notados pelos outros e não poucas vezes nos apresentamos à plateia como alguém que não somos e sim a imagem que construímos. Tomamos emprestado os desejos dos outros sem ao menos nos questionarmos a respeito e se há valor nisso. O desejo do nosso coração é tão corrompido que mal podemos sondar a nós mesmos. Diante disso, quero compartilhar algumas áreas de atenção sobre nossa vida que eu e você precisamos, em certa medida, tomar cuidado.

Identidade emprestada
Quem seria você se [você] não tivesse ouvido de outros o que pensam sobre você? Se não tivessem dado opinião alguma sobre quem você é? Algumas vezes acreditamos mais no os outros dizem a nosso respeito do que aquilo que realmente acreditamos ser em nossa essência. Cremos, por diversas vezes, que somos aquilo que a sociedade vê e diz quem somos, mesmo diante dos seus interesses políticos, sociológicos ou econômicos. E facilmente nos tornamos escravos disso. Perdemos a nossa identidade e tomamos emprestada a identidade que a sociedade nos deu.
            Em última análise, o que a Bíblia diz sobre nós é aquilo que somos, e isso é o que deve ser determinante. Mas é preciso conhece-la. O nosso histórico de vida, a sociedade, educação, cultura e tudo que vamos apreendendo durante a nossa vida faz parte da construção da nossa identidade, mas não é determinante sobre quem nós somos. Somente aquele que nos constituiu (que nos deu vida) tem autoridade e capacidade de dizer quem somos e para que fomos criados.

Imagem emprestada
            Sabe aquele momento que nos esforçamos para mostrar aos outros aquilo que não somos ou não estamos vivendo? Estamos, na verdade, desejando ser o ideal de pessoa que todos querem ver e que admirar. Queremos apresentar uma boa imagem para que todos possam curtir. São aqueles momentos que gastamos mais tempo preparando o cenário para a foto e pensando em quantas curtidas receberemos do que vivendo o que a vida nos permite viver. Organizamos o ambiente para mostrar uma imagem que não é real. Mas por trás de tudo isso? Como anda o coração? Muitas vezes tédio, indecisão, falta de identidade e infelicidade são o que sobram. Não estou falando de fotos profissionais, comerciais ou coisas do tipo. E sim em questões relacionadas ao dia-a-dia.
            O mundo hoje (em especial na internet), em grande medida, é feito por cenários montados e ambientes manipulados. De um lado alguém que deseja ser o ideal para os outros e suprir as expectativas de terceiros se saciando nisso. E de outro lado pessoas que fingem e insistem em acreditar que a vida é como se vê nas fotos. Mas que no fundo, no fundo, sabem que a realidade é diferente, mas não querem se render a ela. Preferem continuar em um ‘mundo ideal’, repleto de ilusões.
            Todas as vezes que queremos mostrar algo que não é real estamos, na verdade, revelando uma grande necessidade do nosso coração. Curtidas e aplausos não resolverão o problema. Somente Cristo pode suprir e preencher este vazio, pois fomos feitos à imagem e semelhança dele. Aquilo que nos falta só pode ser encontrado nele.

Desejos emprestados
Este ponto é bem interessante e tem tudo a ver com nossa identidade. Você já parou para pensar que muitos dos nossos desejos são, na verdade, desejos que tomamos emprestados de outras pessoas? Muitas vezes não desejamos algo em si, genuinamente, mas passamos a desejar porque todos estão desejando, ou porque um grupo determinado de pessoas (do qual queremos fazer parte) desejam. Pense um pouco nisso!
Isso se relaciona no campo das personalidades também. Será que admiramos tais personalidades pelo fato de realmente conhece-las ou saber das suas ideias? Ou porque todos dizem algo bom sobre ela e estão aplaudindo-a por conta do seu status atual? Se ela não fosse tão aplaudida e notada pelos outros, apenas por você, será que ainda assim a admiração existiria?

Defesas das ideias emprestadas
Algo possível e claro de se notar é que, muito facilmente, as pessoas que defendem determinadas ideias, na verdade não conseguem justifica-las. Não são poucos os meros imitadores que encontramos principalmente na internet, que não consegue encontrar base alguma para argumentar aquilo que defende. No fim, acaba no campo da subjetividade, que não consegue ser explicada com o mínimo de lógica, razão ou justificativa possível.
O complicado é quando isso acontece com a nossa Fé. Será que estamos apenas reproduzindo dogmas, argumentos e ideias? Ou temos capacidade para fundamentar nossas concepções a partir do conhecimento bíblico?  Temos que ter cuidado para não tomarmos emprestadas as ideias de outros sem saber, no mínimo, por qual motivo estamos fazendo isso.

Nos deparamos constantemente com todas as situações acima e nem sempre vamos conseguir filtrá-las. Sempre tento analisar qual é minha verdadeira intenção em falar ou publicar algo, como por exemplo, este texto. As vezes sou enganado por mim mesmo, por argumentos que crio e estou convencido; na verdade são meus desejos corrompidos que me driblam e são executados. Diante de tudo isso vejo o quanto somos necessitados de Deus e não somos capazes de discernir a nós mesmos.

Não há problema algum em postar fotos, publicar textos, compartilhar suas ideias, desejar algo, admirar ou imitar alguém. Isso é natural do ser humano e faz parte. Porém, o exercício da reflexão nunca foi tão importante. Vamos desligar o “modo automático”, parar e pensar um pouco. É sempre bom analisarmos o motivo que nos leva a fazer ou desejar algo. Sem dúvida, muitos desejos são genuínos, mas alguns ficarão sem explicação ou virão acompanhados de uma justificativa esfarrapada. Desconfie destes!

Creio que um bom exercício é pensarmos um pouco sobre quem nós somos. Refletir um pouco sobre nossa identidade e sentido de vida. Quais nossos maiores sonhos, virtudes, dificuldades e limitações? No que, de fato, cremos, como e porque cremos? E afinal, onde e como queremos chegar? Qual foi a última vez que você parou para refletir sobre isso?

Diante disso, mais uma vez vemos que Deus é o único capaz de sondar plenamente nossos corações e intensões. Que Ele seja nosso parâmetro, nossa direção, nosso princípio e nosso alvo. E que Ele sonde todos os dias nossos corações e mentes. Sugiro a leitura do Salmo 139. E depois um pouco sobre a "Teoria Mimética".

Um abraço,

Willy Menezes
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